19 de agosto de 2011

Lindas lembranças de Mark Romanek, diretor de Scream

O primeiro disco que eu tive na vida foi The Love You Save (Jackson 5). Tinha 10 anos, me interessava cada vez mais por garotas e esta canção me fazia sentir que o amor e o sexo eram propostas muito arriscadas e complexas, porque requeria uma boa dose de elaboradas metáforas para se usar com segurança. Eu a tocava sem parar.
Quando eu estava fazendo o vídeo SCREAM, com Michael, eu fiquei pensando: " A vida é tão estranha... porque se você dissesse à versão de mim com 10 anos de idade que um dia iria conhecer e trabalhar com o menininho que cantava naquele disco, eu diria que você estava completamente insano."
Lembro-me de conversar com Michael entre as tomadas da filmagem de Scream. Você deixa de prestar atenção em sua aparência incomum muito rapidamente, e ele parecia um cara bacana, muito aberto e de fácil conversa. Sem dúvida, era excêntrico. Mas, para minha surpresa, era carinhoso, curioso, divertido e nem um pouco temperamental. Ele realmente concentrava a atenção em você, o que é algo encantador. Ele queria saber sobre minha religião, minha infância, se eu sabia nadar...
Falamos sobre nossos filmes favoritos. Fiquei impressionado com seu conhecimento sobre cinema estrangeiro.
Minha mãe visitou o set de filmagens e, imediatamente, Michael a encantou, pedindo que ela segurasse seu casaco enquanto ele filmava. Dava nela um caloroso abraço e um beijo, a cada dia que deixava o local. Minha mãe o tomou como seu mais novo melhor amigo.
Chegando o momento de atuar para as câmeras, a transformação desse cara relativamente comum em um super-ser, possuído por uma espécie de divindade era algo realmente impressionante, metafísico - difícil de compreender plenamente.
A oportunidade de vivenciar o fenômeno de seu dom a apenas alguns metros de distância me deu calafrios.
Foi o deleite de toda uma vida!
Ao longo daqueles dez dias de filmagem, eu senti como se tivesse o único, o maior trabalho do mundo.
E eu acho que, talvez, realmente tenha tido.



Fonte: Rolling Stone
Por: Angella Wains