11 de fevereiro de 2015

EXCLUSIVO/De fã para fã: Michael no Brasil. Por Leandro Lapagesse

Muitos já conhecem o fã Leandro Lapagesse.
Mas para quem ainda não o conhece, vamos falar um pouco sobre ele.
Durante anos, o carioca que é produtor musical e atualmente viaja pelo Brasil fazendo as Trilhas Sonoras das peças de Miguel Falabella, entre outros, dedicou-se como poucos a divulgar o nome "Michael Jackson".


Leandro, além de colecionar tudo o que encontrava sobre o Rei do Pop, foi presença constante em programas de televisão e trabalhou duro em nome de sua paixão pelo Rei do Pop.
Tanta dedicação lhe rendeu o título de "maior colecionador da América Latina" e tamanha credibilidade, a ponto de ser considerado "especialista em Michael Jackson" no Brasil.

Seu conhecimento sobre o Rei do Pop é tão grande que o levou a ganhar concursos promovidos pelo apresentador Sílvio Santos e pela apresentadora Adriane Galisteu. Este último, em 2009, pouco antes do fatídico dia 25 de junho, onde chegou  a gravar matérias em Los Angeles, quando foi pessoalmente se despedir de Michael em seu Funeral.

Ainda em 2009, o carioca comprou os direitos autorais do livro "Dancing The Dream", juntamente com a Ibis Libris Editora. Juntos, eles lançaram a edição brasileira (e bilíngue) do livro de poemas escrito pelo próprio Michael em 1992.
O livro se tornou raridade, já que restam menos de 50 unidades que estão nas mãos de Leandro, que pretende vendê-los para pessoas que sejam "realmente fãs" de Michael. Infelizmente não haverá uma nova edição devido aos altos custos de publicação.

Em 2012, Léo (para os íntimos) cedeu sua história para a peça "Michael e Eu", que teve uma temporada de sucesso no Teatro Leblon. O espetáculo, que tinha no elenco o ator Bruno Garcia, contava fielmente a vida de um fã que não conseguia continuar sua vida após a morte do ídolo (personagem baseado na vida de Leandro). O texto da peça foi escrito pelo autor Marcelo Pedreira, baseado nos textos que o próprio Leandro escrevia, relatando suas experiências. Vale a pena dizer também, que os figurinos da peça foram feitos pela premiada figurinista Thanara Schonardie (que recentemente assinou também os figurinos da novela "Meu Pedacinho de Chão", da Rede Globo).

Para a surpresa de todos, em 2014, Leandro anunciou que estava se desfazendo de sua coleção, especialmente por não fazer questão de "títulos", mas sim, de poder dar continuidade a sua carreira como produtor Musical (em breve publicaremos aqui uma entrevista exclusiva sobre esse assunto).
Hoje, dia em que completam-se 19 anos de seu encontro com Michael Jackson, publicamos aqui fotos exclusivas (enviadas por Leandro) e seu depoimento sobre as visitas do cantor pelo Brasil em 1993 e 1996 (depoimento este que foi publicado, somente em inglês, pela Revista Oficial "MJJ Magazine").

Confira o depoimento de Leandro:

Dangerous Tour

No início de 1993, quando eu tinha os meus 11 anos de idade, ao chegar em meu colégio que ficava no subúrbio do Rio de Janeiro, paro na banca de jornais em frente e me deparo com uma revista que trazia Michael Jackson na capa. A publicação falava de um recente livro de poemas, lançado pelo cantor. Comprei a revista e ela veio a ser o primeiro item de uma coleção enorme.
Alguns meses se passaram até chegar a notícia: “Michael Jackson vem ao Brasil e fará shows em São Paulo”. Aquela noticia mexeu comigo. Até porque, em frente ao meu colégio colocaram um enorme banner com os olhos de Michael, anunciando o show. Os ingressos estariam a venda em uma semana, na loja de conveniência do meu bairro (e de outros também)!
Depois de muita conversa, meus pais decidiram por não me levar ao show, por se tratar de outra cidade e por eu ser muito novo.
Acompanhei (e gravei) tudo pela televisão, rádio e jornais. Vibrei a cada passo dele em meu país, mesmo de longe sentia a vibração deste que já era o homem mais fotografado do mundo!
Um dos fatos que mais me marcou, foi o fato de um dos carros da comitiva de MJ ter atropelado acidentalmente um fã que tentava ver o cantor. Muito se falou na época sobre isso, culparam o próprio Michael que nem estava no carro envolvido, isso me ofendeu pessoalmente. Mas o que mais chamou a minha atenção (e a de todo o Brasil) foi o fato de que ele, um dia antes do show, foi pessoalmente visitar o garoto acidentado, no hospital. Ao chegar, imaginem, o hospital parou! De óculos escuros, calça preta e blusa vermelha, MJ fotografou com várias enfermeiras, enfermeiros , médicos e médicas, até conseguir chegar ao quarto do jovem fã. Conversou com a família dele, tirou fotos com todos e prometeu pagar as despesas hospitalares, assim como os estudos dele e de sua irmã. E assim o fez!
Fiquei louco com isso! Acho que todos pensamos em nos jogar na frente do carro dele. Não pelo dinheiro, mas pela visita que todos sonhamos em receber.
Michael fez o show e foi ao maior parque de diversões da cidade. Se divertiu como uma criança! E eu, no Rio de Janeiro, vi MJ partir sem ao menos poder tentar correr atrás do carro dele.

They Don’t Care About Us

Três anos depois, no mesmo colégio, minha professora de inglês (que foi minha primeira amiga fã de MJ) me deu a notícia que mudaria minha vida para sempre: “Michael vem gravar um clipe aqui!”. Meu coração disparou, meu ar acabou e a gente já começou a fazer planos de como chegar perto dele.
Uma semana depois foi decidido o lugar onde ele gravaria, o Morro Dona Marta, na Zona Sul da (minha) cidade. Alguns políticos tentaram impedir, alegando que isso ia denegrir a imagem da cidade. “Por que ele não grava em Copacabana?” gritou um deles! O que eles não entendiam é que MJ queria mostrar sim a pobreza desta comunidade, mas não para denegrir, e sim para escancarar este problema que precisava ser resolvido!*

*De fato ele ajudou muito. Após sua passagem pela comunidade, o governo do Rio de Janeiro criou um programa de pacificação nas favelas cariocas. O Dona Marta foi o primeiro a ter este programa implantado. Hoje em dia o morro é totalmente pacificado e até ponto de turismo. Em 2010, inclusive, participei da inauguração de uma estátua em tamanho real, de Michael, que foi instalada na laje onde ele gravou o clipe, no alto do morro.

Chegou o dia! Na madrugada do dia 11 de fevereiro daquele ano (1996), Michael desembarcou no Rio de Janeiro, após um dia inteiro de filmagens no Pelourinho, em Salvador.
Cheguei à porta do hotel por volta das 5 da manhã e lá já estavam vários fãs!
Por volta das 9h, Michael surge pela primeira vez na sacada (ele apareceu 5 vezes no total, uma hora em cada janela, brincando com os fãs). Dançou, acenou, gritou, brincou com o casal de crianças que o acompanhava, tudo na nossa frente, de frente à Praia de Copacabana (onde moro atualmente).
Aproximadamente 3 horas mais tarde, começou uma aglomeração de seguranças na porta do hotel, anunciando a saída do rei do pop.
Minha mãe, que é a grande responsável por este meu amor pelo Michael e que gritou mais do que eu, nesta ocasião, se informou e descobriu que no hotel não tinha heliporto e nem tão poucos um esquema de acompanhamento da polícia (como em todas as vezes que MJ fez algum percurso pela cidade)  a espera de Michael, no hotel. Ou seja, ele teria que pegar o helicóptero em algum lugar. E o lugar mais próximo onde isso seria possível era o Forte de Copacabana, em frente ao hotel.
Corremos para a porta do Forte, contrariando a multidão de fãs que permaneceram na porta do hotel. Mas convenhamos, Michael não poderia sair pela porta da frente, ele seria esmagado!
Parece que a sorte estava do nosso lado, menos de cinco minutos depois, aparece no final da rua (fechada pela polícia), uma van verde com o vidro traseiro aberto. De longe, dava pra ver uma mão pra fora e pessoas correndo ao lado do carro. Sim, era a mão de MJ. Acenando para todos os que passeavam por Copacabana, naquele linda manhã de verão.
Conforme ia se aproximando, Michael colocou metade do corpo pra fora da van e começou a apertar a mão das pessoas. Um fato que me marcou muito e que contradiz toda essa imagem de recluso e fresco que as pessoas gostam de dizer que ele tinha, foi o fato dele apertar a mão de um lixeiro que estava varrendo a rua. Imaginem só, em uma mão o lixeiro carregava sua vassoura e a outra apertava a mão de maior fenômeno da indústria fonográfica mundial.
Quando finalmente Michael chegou à porta do Forte, eu estava tentando me aproximar do carro quando os seguranças fizeram aquela famosa barreira para não deixar os fãs se aproximarem.
Mais uma vez eu contei com um empurrãozinho de Deus, pois eu estava usando uma camiseta com uma foto do Michael e, acreditem, MJ tinha jogado uma camiseta igual, para os fãs, da sacada do hotel. Quando ele me viu, tentando se aproximar dele e usando a camiseta (que certamente ele achou ser a que ele jogou na madrugada), fez sinal para os seguranças deixarem eu passar e assim eu o fiz. O carro parou por uns segundinhos, Michael esticou a mão para mim e sem ação, eu estiquei as minhas para ele. Não consegui falar nada, mas ele agradeceu por eu estar ali, me deu uma bala e, apertando minha mão, pronunciou sua mais famosa frase: “I Love You”.
Quando o carro se foi, seu cheiro ficou todo em minha mão e desde então eu uso o mesmo perfume que ele usava naquele dia.

Por: Leandro Lapagesse - Via MJVIPClub

Confira as fotos exclusivas, enviadas ao MJVIPClub, por Leandro Lapagesse, durante a visita de Michael Jackson ao Rio de Janeiro em 1996.




Imagens: Divulgação/Arquivo pessoal