27 de junho de 2012

Michael Jackson e Marilyn Monroe juntos em filme: Mister Lonely




Lançado em 2007, "Mister Lonely" emocionou o mundo com uma narrativa surpreendente , além de ter sido considerado pelo próprio Michael Jackson como "Uma genial obra prima".

O filme conta a história de um cover de Michael Jackson perdido nas ruas de Paris. 
Michael é um personificador. Ganha a vida fazendo imitações de Michael Jackson em parques e asilos. 

Ao conhecer uma sósia de Marilyn Monroe, ele aceita seu convite para ir morar em uma comunidade na Escócia habitada por personificadores. 
Lá, Marilyn é casada com Charles Chaplin e tem uma filha Shirley Temple. Fazem parte do grupo Abraham Lincoln, o Papa, a Rainha da Inglaterra, Madonna, Sammy Davis Jr., James Dean e os Três Patetas, todos vivendo num castelo e preparando um grande show para a população local. 
Paralelamente, o filme acompanha a história de um padre no Panamá que, ao sobrevoar de avião as regiões mais pobres, presencia uma de suas freiras realizar um milagre.

Filme curioso e muito sensível que aborda através do lirismo e de imagens surreais a questão da identidade. Já no início, após a abertura com a suave canção que empresta o título ao filme, o narrador divaga sobre a insatisfação consigo mesmo e sobre como “é mais fácil enxergar coisas nos outros”

Personagem delicado e cuidadosamente interpretado por Diego Luna, Michael parece um bom menino que procura e enxerga beleza nos detalhes: ao ir embora despede-se dos móveis do apartamento como se da própria família; num gravador registra o que considera importante porque “a vida passa rápido demais” e “as coisas me deixam”; em ovos pinta as faces dos amigos da comunidade. 
Não se deixa, no entanto, vencer por uma suposta insignificância, mesmo quando seu agente pergunta: “Por que você quer ser como todo mundo? Não vê que todo mundo é infeliz?”
Igualmente ao verdadeiro Michael Jackson, o Michael do filme é afável. 
Tem sempre um sorriso para oferecer ao outro, mesmo quando o outro é um ciumento Charles Chaplin, incomodado com a amizade entre Marilyn e o novo membro da comunidade, durante uma partida de pingue-pongue.


Essa comunidade, aliás, é o lugar que o diretor Harmony Korine (autor dos roteiros de Kids e Ken Park, ambos dirigidos por Larry Clark) elege como foco de uma observação das excentricidades e idiossincrasias do homem quando distante das regras da sociedade. 
Lá, vê-se os membros juntos, cantando, banhando-se na lama ou cuidando das ovelhas (que, infectadas por uma doença, acabam tendo de ser sacrificadas), ou isolados, em seus quartos ou junto à natureza, falando sozinhos, exibindo manias ou fixações. 
No relacionamento entre Chaplin e Marilyn há momentos de possessão que beiram o sadismo, principalmente no momento em que ele “se esquece” de acordá-la durante o banho de sol, e depois quer fazer amor com ela cheia de queimaduras. 
A comunidade é também espaço para toques de humor e ironia para com as celebridades, quando vemos o Papa forçado a tomar banho, já que está fedendo, ou o mesmo na cama com a Rainha da Inglaterra. 
Ou, ainda, quando as ovelhas são abatidas a tiros pelos Três Patetas. 
Brinca-se, humaniza-se o mito mostrando-os em atitudes comuns, sejam cotidianas ou trágicas, quando se perde um ente querido.

Mister Lonely traz ainda uma narrativa paralela, que por si só daria um outro filme. A história do padre (vivido pelo diretor Werner Herzog) e de suas freiras milagrosas lembra muito, pelo surrealismo, a obra de Luis Buñuel e, pela temática, uma série de 1967 protagonizada por Sally Field, com sua história absurda narrada com toda a seriedade até alcançar seu desfecho.

Confira o trailer do filme aqui:

Ficha Técnica:
Título Original: Mister Lonely
Gênero: Comedia
Origem: Ingaterra, França, Irlanda, EUA
Duração: 112 min
Ano de Lançamento: 2007
Classificação: 16 anos
Diretor: Harmony Korine
Roteirista(s): Avi Korine, Harmony Korine

Elenco:
David Blaine, Leos Carax, James Fox, Quentin Grosset, Werner Herzog, Rachel Korine, Denis Lavant, Diego Luna, Joseph Morgan, Melita Morgan, Samantha Morton, Anita Pallenberg, Daniel Rovai, Richard Strange, Mal Whiteley.


Fonte: Laranja Psicodélica