14 de junho de 2011

Inocente


Há exatos seis anos, terminava o extenso julgamento de Michael Jackson.
Gavin Arvizo, então com 13 anos, o acusou de abuso sexual.
Entre as dez principais acusações, constavam intoxicação por bebida alcoólica com intuito de molestar sexualmente o menino e manter a família do acusador em cativeiro - no caso, no rancho Neverland, de aproximadamente 11 quilômetros quadrados.
É possível encontrar material detalhado do que foi toda a trajetória deste processo, no livro "Michael Jackson Conspiracy", Ed. iUniverse, da jornalista Aphrodite Jones. Ela e Tom Mesereau (advogado de defesa de Michael) se uniram para relatar, com riqueza de detalhes, o comportamento das partes envolvidas. A forma como toda a rede de atos ensaiados culminara com acusações tão graves ao cantor.A análise psicológica dos acusadores e acusado. A ambição, traição, planos de realização financeira, a vida baseada em constantes golpes de extorsão e outros delitos, por parte de Janet Arvizo, mãe do menino.
A notável habilidade de Mesereau , a perspicácia e sensibilidade dos doze jurados, foram determinantes para revelar a fragilidade dos argumentos da família que acusava Jackson.
No dia 13 de junhode 2005,  Michael foi, enfim, considerado inocente de todas as acusações, incluindo mais quatro, de delitos considerados de menor porte.
J. R. Taraborrelli, autor de "A Magia e a Loucura", descreveu o que assistiu dia após dia naquele tribunal , ao ver seu amigo pessoal, a quem admirava, como "...eu o via morrendo a cada dia. Seus olhos não tinham mais vida."
Seu relato é de que Michael, com seu belo porte de dançarino, fazia todos os olhares o acompanharem quando adentrava o ambiente. Mas que, com o tempo, o desgaste emocional, a raiva, a angústia, o temor pela sua vida de pai e artista, foram consumindo os sorrisos, a esperança.
O mundo de todos que amavam Michael - e isso incluía jornalistas lá presentes- parecia em festa. Menos o dele próprio. Muito pálido e aparentemente sedado. Assim ele se apresentou no dia do veredicto. E assim continuou. Não havia brilho nenhum em seus olhos. Não havia nada. Estavam vazios.
Em caravana, seguiram todos para o rancho Neverland. E no seu interior, movimentado pela presença de familiares e poucos amigos, Jackson começou a passar mal. Ao ver que ele estava quase desmaiando, um de seus secretários o tirou de perto das pessoas, ao mesmo tempo em que ouvia o apelo, aflito, de Michael :"Tire toda essa gente daqui, rápido!".
Para muitos, um paradoxo.
Vale,então, um rápido exercício de empatia.
Passar por várias experiências desta natureza levaram Michael Jackson, necessariamente, à mágoa.
Em meio a toda aquela turbulência, um dia, em sua propriedade, ele abraçava sua maquiadora Karen Faye, fazendo, entre lágrimas, uma pergunta a si mesmo: "Por que o mundo está fazendo isso comigo?".
O sentimento de ser injustiçado crescia.
Ser ferido moral e emocionalmente, uma vez mais, deixou uma profunda marca. Foi um processo longo, lidando com a dor, em que sérias consequências físicas e psicológicas o abateram, em determinados momentos.
Mas o guerreiro ainda estava ali. Machucado, mas usando seus recursos, em silêncio. Escapando o máximo que podia, das lentes e holofotes. Ainda criando, respirando música. Saindo de seu próprio país, para se manter vivo. Para não sucumbir.
Após 2005, muitos prêmios foram dedicados a ele, muitas homenagens aconteceram.Um dos momentos mais comoventes foi o World Music Awards, da MTV do Japão, em 2006. A recepção calorosa e a emoção dele mostraram que, de fato, o ícone mundial Michael Jackson ocupava, ainda, um lugar especialíssimo não só na indústria do entretenimento, mas também na paixão de milhões de pessoas.


Por: Angella Wains